Pesquisadores ampliam coleta de fungos liquenizados em Rondônia
Com o suporte logístico da Faculdade São Lucas, que cede a estrutura física de seu herbário e do Departamento de Biologia, estão sendo intensificadas, no estado, as atividades de pesquisas e coleta de fungos liquenizados, desenvolvidas pelos pesquisadores André Aptroot, Doutor em Biologia do ABL Herbarium da Holanda, e Marcela Eugênia da Silva Cáceres, Doutora em Botânica (Liquenologia) da UFSE (Universidade Federal de Sergipe). As atividades desenvolvidas no estado fazem parte do Projeto Sisbiota, financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e coordenado pela professora Leonor Costa Maia, Doutora em Fitopatologia pela Universidade da Flória (Estados Unidos) na linha de líquen.
O projeto inclui várias regiões do Brasil para estudo da biodiversidade. Rondônia faz parte do projeto de pesquisa sobre fungos liquenizados por ser um estado que concentra uma diversidade muito grande de líquen e tem grande participação em todo esse processo de descoberta. “Nas pesquisas realizadas em Rondônia conseguimos encontrar algumas espécies novas”, informou a pesquisadora Marcela Cáceres, acrescentando que na expedição realizada no primeiro semestre de 2012 foram catalogadas em torno de 50 novas espécies para a ciência de líquen (fungo liquenizado).
As pesquisas são realizadas na Esec/Cuniã (Estação Ecológica do Lago do Cuniã), Parque Natural Municipal de Porto Velho, Parque Circuito de Porto Velho, Complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em Porto Velho e em fazendas localizadas ao longo da rodovia 319 – sentido Porto Velho/Humaitá. A professora e pesquisadora Allyne Christina Gomes Silva, coordenadora do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade São Lucas, destaca a importância das pesquisas, tendo em vista a grande riqueza em fungos existentes no estado.
Liquens
Os liquens são associações simbióticas de mutualismo entre fungos e algas. Os fungos que formam liquens são, em sua grande maioria, ascomicetos (98%), sendo o restante, basidiomicetos. As algas envolvidas nesta associação são as clorofíceas e cianobactérias. Os fungos desta associação recebem o nome de micobionte e a alga, fotobionte, pois é o organismo fotossintetizante da associação. A natureza dupla do liquen é facilmente demonstrada através do cultivo separado de seus componentes. Na associação, os fungos tomam formas diferentes daquelas que tinham quando isolados, grande parte do corpo do liquen é formado pelo fungo.
Os liquens não apresentam estruturas de reprodução sexuada. O micobionte pode formar conídios, ascósporos ou basidiósporos. As estruturas sexuadas apresentam forma de apotécio. Os esporos formados pelos fungos do liquen germinam quando entram em contato com alguma clorofícea ou cianobactéria. O fotobionte se reproduz vegetativamente. O liquen pode se reproduzir assexuadamente por sorédios, que são propágulos que contém células de algas e hifas do fungo, e por isídios, que são projeções do talo, parecido com verrugas. O liquen também pode se reproduzir por fragmentação do talo.
Habitat
Normalmente os liquens são organismos pioneiros em um local, pois sobrevivem em locais de grande estresse ecológico. Podem viver em locais como superfícies de rochas, folhas, no solo, nos troncos de árvores, picos alpinos, etc. Existem liquens que são substratos para outros liquens. A capacidade do liquen de viver em locais de alto estresse ecológico deve-se a sua alta capacidade de dessecação. Quando um líquen desseca, a fotossíntese é interrompida e ele não sofre pela alta iluminação, escassez de água ou altas temperaturas. Por conta desta baixa na taxa de fotossíntese, os liquens apresentam baixa taxa de crescimento.
Importância econômica
Os liquens produzem ácidos que degradam rochas e ajudam na formação do solo, tornando-se organismos pioneiros em diversos ambientes. Esses ácidos também possuem ação citotóxica e antibiótica. Quando a associação é com uma cianobactéria, os liquens são fixadores de nitrogênio, sendo importantes fontes de nitrogênio para o solo. Os liquens são extremamente sensíveis à poluição, sobrevivendo de bioindicadores de poluição, podendo indicar a qualidade do ar e até quantidade de metais pesados em áreas industriais. Algumas espécies são comestíveis, servindo de alimento para muitos animais.