Palestra alerta sobre doenças sexualmente transmissíveis

As doenças sexualmente transmissíveis são consideradas um dos problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. Em ambos os sexos, tornam o organismo mais vulnerável a outras doenças, inclusive a aids, além de terem relação com a mortalidade materna e infantil. No Brasil não é diferente e causam preocupação diante do quadro de infecções de transmissão sexual na população sexualmente ativa. Palestra ministrada pela professora Juliana Albuquerque, do Departamento de Enfermagem da Faculdade São Lucas, fez um alerta sobre o problema. Para um público formado por acadêmicos, presentes ao auditório da instituição, Juliana Albuquerque apresentou dados sobre as principais doenças sexualmente transmissíveis, incluindo a aids, orientando sobre os sintomas e manifestações, forma de contágios e prevenção. As doenças sexualmente transmissíveis são transmitidas, principalmente, por contato sexual sem o uso de camisinha com uma pessoa que esteja infectada. Algumas DSTs podem não apresentar sintomas, tanto no homem quanto na mulher e quando não diagnosticadas e tratadas a tempo podem evoluir para complicações graves, como infertilidades, câncer e até a morte.

 

Saiba mais sobre as principais DSTs:

 

CANCRO MOLE

O cancro mole é uma doença sexualmente transmissível que consiste em feridas contagiosas irregulares, avermelhadas, com base mole e fundo purulento. Geralmente são múltiplas, devido à capacidade de autoinoculação. Podem ocorrer, principalmente, nos órgãos sexuais, mas lábios, boca, língua e garganta também podem ser afetados. Conhecida também como cavalo, cancroide ou cancro venéreo, este mal - que ocorre mais frequentemente em indivíduos do sexo masculino - é causado pela bactéria gram-negativa Haemophilus ducreyi. Com período de incubação de aproximadamente 5 dias, pode ser completamente curada, caso seja feito tratamento adequado.

 

CLAMÍDIA E GONORREIA

São infecções causadas por bactérias que podem atingir os órgãos genitais masculinos e femininos. A clamídia é muito comum entre adolescentes e adultos jovens, podendo causar graves problemas à saúde. Já a gonorreia pode infectar o pênis, o colo do útero, o reto (canal anal), a garganta e os olhos. É possível que não haja sintomas e a doença seja transmitida por um infectado sem nem mesmo saber.

 

CONDILOMA ACUMINADO (HPV)

O condiloma acuminado, conhecido também como verruga genital, crista de galo, figueira ou cavalo de crista, é uma DST causada pelo Papilomavírus humano (HPV). Atualmente, existem mais de 100 tipos de HPV - alguns deles podendo causar câncer, principalmente no colo do útero e do ânus. Entretanto, a infecção pelo HPV é muito comum e nem sempre resulta em câncer. A infecção pelo HPV normalmente causa verrugas de tamanhos variáveis. No homem, é mais comum na cabeça do pênis (glande) e na região do ânus. Na mulher, os sintomas mais comuns surgem na vagina, vulva, região do ânus e colo do útero. As lesões também podem aparecer na boca e na garganta. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. A principal forma de transmissão desse vírus é pela via sexual.

 

DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP)

A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma infecção grave usualmente originada pela Gonorreia, Clamídia ou outra bactéria, transmitida durante sexo vaginal podendo infectar progressivamente todo o aparelho reprodutor feminino. O estágio mais grave da DIP é quando há uma infecção das trompas uterinas, denominada Salpingite, que pode resultar em fibrose, bloqueando a passagem do óvulo do ovário ao útero, causando a infertilidade. A bactéria é transmitida do homem para a mulher durante sexo vaginal. O homem pode estar infectado e não saber porque pode não ter sintomas, enquanto a mulher pode estar infectada durante muitos meses e até anos sem ter sintomas.

 

DONOVANOSE

A donovanose é uma doença infeto-contagiosa causada pela bactéria Calymmatobacterium granulomatis (Donovania granulomatis), caracterizada pela presença de feridas genitais nos homens ou mulheres, que aumentam de tamanho e apresentam sangramento fácil, as feridas são indolores e apresentam base limpa e bordas bem demarcadas. A donovanose também é conhecida por granuloma inguinal ou granuloma venéreo.

 

HERPES

É uma doença causada por um vírus comum chamado vírus herpes simples (HSV). Uma vez que a pessoa foi infectada, o vírus permanece na pele e nas células nervosas por toda a vida. No entanto, é possível que a pessoa não saiba que está infectado com o HSV que na maioria das vezes está inativo e não causa sintomas. Existem dois tipos principais de HSV e ambos causam infecção oral e genital. O HSV-1, normalmente, causa herpes oral ou herpes simples – formigamento ou espinhas dolorosas na borda do lábio, onde há a junção com a pele do rosto. Podem ocasionalmente desenvolver-se na narina, nas gengivas ou no céu da boca.  O HSV-2 é, normalmente, a causa da herpes genital – úlceras dolorosas genitais ou anais. As lesões da herpes frequentemente começam com dormência, formigamento ou coceira. O vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa através do contato entre as lesões e as membranas mucosas, por exemplo, com beijo ou contato sexual. Há evidências de que a infecção recente por úlceras de herpes genital aumenta substancialmente as chances de uma pessoa ser infectada por HIV.

 

INFECÇÃO PELO VÍRUS T-LINFOTRÓPICO HUMANO (HTLV)

A doença é causada pelo vírus T-linfotrópico humano (HTLV), que infecta as células de defesa do organismo, os linfócitos T. A transmissão desse vírus se dá pelo sexo sem camisinha com uma pessoa infectada, compartilhamento de seringas e agulhas durante o uso de drogas e da mãe infectada para o recém-nascido (também chamado de transmissão vertical), principalmente pelo aleitamento materno. A maioria dos indivíduos infectados pelo HTLV não apresentam sintomas durante toda a vida. Mas um pequeno grupo dos infectados pode desenvolver manifestações clínicas graves, como alguns tipos de câncer, além de problemas musculares (polimiosite), nas articulações (artropatias), nos pulmões (pneumonite linfocítica), na pele (dermatites diversas), na região ocular (uveíte), além da síndrome de Sjögren, doença autoimune que destrói as glandulas que produzem lágrima e saliva.

 

LINFOGRANULOMA VENÉREO

É uma infecção crônica causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que atinge os genitais e os gânglios da virilha. A transmissão do linfogranuloma venéreo ocorre pelo sexo desprotegido com uma pessoa infectada. Os primeiros sintomas aparecem de 7 a 30 dias após a exposição à bactéria. Primeiro, surge uma ferida ou caroço muito pequeno na pele dos locais que estiveram em contato com essa bactéria (pênis, vagina, boca, colo do útero e ânus) que dura, em média, de três a cinco dias. É preciso estar atento às mudanças do corpo, pois essa lesão, além de passageira, não é facilmente identificada. Entre duas a seis semanas após a ferida, surge um inchaço doloroso dos gânglios da virilha. Se esse inchaço não for tratado rápido, pode piorar e formar feridas com saída de secreção purulenta, além de deformidade local.

 

SÍFILIS

É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum. Podem se manifestar em três estágios, sendo que os maiores sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença. A sífilis pode ser transmitida de uma pessoa para outra durante o sexo sem camisinha com alguém infectado, por transfusão de sangue contaminado ou da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou o parto.

 

TRICOMONÍASE

É uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Nas mulheres, ataca o colo do útero, a vagina e a uretra, e nos homens, o pênis. A doença pode ser transmitida pelo sexo sem camisinha com uma pessoa infectada. Os sintomas mais comuns são dor durante a relação sexual, ardência e dificuldade para urinar, coceira nos órgãos sexuais, porém a maioria das pessoas infectadas não sente alterações no organismo.

 

CANDIDÍASE VAGINAL

A cândida é um fungo geralmente presente no trato gastrointestinal e região perianal, que cresce bem no meio ácido da vagina. O controle do seu crescimento depende da presença de outros micro-organismos na flora vaginal normal. Muitas vezes ele aparece quando ocorre um desequilíbrio entre os integrantes da flora vaginal normal. A resistência do organismo cai pelo uso de antibióticos de amplo espectro, gravidez, diabetes, infecções, doenças que causam deficiência imunológica como AIDS, ingestão excessiva de carboidratos ou o uso de alguns medicamentos, como anticoncepcionais orais e corticóides. A candidíase não é considerada uma doença sexualmente transmissível (DST), entretanto o parceiro sexual pode apresentar sintomas como coceira ou irritação no pênis.

 

VAGINOSE BACTERIANA

Também conhecida como vaginite não específica, é a causa mais comum de vaginite. Não é considerada DST (doença sexualmente transmissível), pois já foi relatada em mulheres jovens sem atividade sexual. É causada por uma alteração na flora vaginal normal, com diminuição na concentração de lactobacilos e predomínio de uma espécie de bactérias sobre outras, principalmente a Gardnerella vaginalis. A secreção vaginal branco-acinzentada, com odor de peixe é o sintoma característico.

 

HIV

HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. O HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esses vírus compartilham algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune.