Laboratório da São Lucas analisa água do Rio Madeira

A coleta feita e analisada pelo Laboratório microbiológico da Faculdade São Lucas aponta a presença de 100% de coliformes totais e coliformes termo tolerantes fecais com predominância da E. coli (bactéria Escherichia coli) na água do Rio Madeira, além de outros micro-organismos que não foram analisados, mas que são possíveis de serem encontrados em situações de enchentes. Essa avaliação microbiológica tem um papel destacado, tendo em vista a grande variedade de micro-organismos patogênicos, em sua maioria de origem fecal, que podem estar presente na água.

As amostras coletadas em frascos estéreis pela técnica de laboratório Olívia Bezerra, em três pontos distintos de alagação em Porto Velho, foram analisadas pelo Engenheiro Químico e Professor Mestre da instituição Antônio de Almeida Pereira, e tem por objetivo alertar a população para os riscos e prevenir sobre as doenças causadas por contaminação, principalmente em crianças que estão em contatos constantes com a água suja.

De acordo com o Professor, o trabalho de conscientização deve ser levado em consideração por toda a população, principalmente pelas famílias que residem em locais de maior risco. “Essas pessoas precisam ser alertadas sobre os riscos de contrair leptospirose, esctossomose, hepatite A e E, cólera, dengue, amebíase e ascaridíase (verminoses) entre outros, e, acompanhadas por especialistas em saúde pública para que não venham sofrer com epidemias de doenças causadas pelas contaminações a que estarão expostas porque essas doenças podem levar à morte”, frisou o professor.

Para Antônio de Almeida Pereira, a preocupação está por conta dos problemas de saúde pública que podem ser gerados com a contaminação provocada pela cheia, que atingiu residências e esgotos no centro da cidade e regiões ribeirinhas. “As pessoas precisam saber que não devem consumir alimentos que estão em contato com a água contaminada, principalmente os peixes. Esses cuidados devem ser redobrados com o período de pós-cheia, momento em que a população estiver retornando para os locais que foram atingidos”, alertou.

O problema é ainda maior quando se trata de alagações de grandes proporções como a que acontece em Rondônia, pois a falta de estrutura sanitária e, principalmente, o manejo inadequado de dejeções humanas e de animais incorporadas ao solo são os fatores mais importantes de contaminação dos recursos hídricos. Outra situação muito grave está relacionada com as infiltrações de fossas, que comprometem os lençois freáticos.

Outro ponto citado pelo Engenheiro Químico diz respeito ao processo de aquecimento da água parada. “Além da preocupação com a população, queremos chamar atenção também para as altas temperaturas que, somadas à poluição, eliminam o Oxigênio Dissolvido (OD) da água que os peixes precisam pra sobreviver, e isso pode levar à morte de milhares de espécie e provocar a escassez no futuro”, lembrou.

Os coliformes fecais, também chamados de coliformes termo tolerantes, estão presentes em grandes quantidades no intestino dos animais de sangue quente e podem contaminar a água por meio de despejo do esgoto que não foi adequadamente tratado, podendo contaminar seres humanos. Essas bactérias, quando encontradas em amostra de água, por exemplo, representam um grande indicativo de que essa água foi contaminada por fezes e esgoto. Sendo assim, os coliformes termos tolerantes, mais especificamente a E. coli, são usados frequentemente para avaliar a qualidade da água e indicar a contaminação por fezes. Essa avaliação é importante, pois permite a prevenção de doenças que são transmitidas pelas fezes, como algumas verminoses, causa comum de diarreia em crianças.